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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Temas a ser abordado por este blog

   Quando o ministro das finanças da França, Nicolas Fouquet, Fez a maior festa já vista em paris, até então, para bajular Luís XIV, achou que havia conquistado a simpatia do rei. Foi preso no dia seguinte e condenado ao ostracismo pelo o resto da vida. Sem saber, Fouquet violou uma das mais importantes leis do poder: "Não ofusque o brilho do Mestre". Mesmo sendo bajulação, a festa fez o ministro aparecer mais do que o próprio Luís XIV, ferindo o orgulho do "Rei Sol".

    Casos como este ilustram os temas abordado por esse blog, jogos do poder em que 3 mil anos de história ensinam verdadeiras táticas de guerra aplicáveis aos negócios, à política, ás relações de trabalho, á família e mesmo á corte amorosa. Cada Lei apresenta  exemplos de aplicação correta e transgressão, além dos casos em que ela não deve ser aplicada-é válido, por exemplo, ofuscar o brilho do mestre quando ele não tem futuro, mas ainda não está fraco.
   A necessidade de adquirir poder é inata no ser humano e pode aparecer tanto na China milenar quanto no Japão feudal, na corte francesa ou na renascença italiana, nos bastidores de uma partida de xadrez ou nos salões diplomáticos do século XX. Alguns personagens são conhecidos pelos especialistas em política e estratégia, como Sun-Tsu e Clausewitz, Bismarck e Talleyrand.

    Mas nesse blog traz nomes de pessoas aparentemente distantes do dos jogos de poder- e por isso muito mais perigosas e eficientes. È o caso da aparente loucura e mau humor de Bob Fischer, na verdade um truque para confundir e intimidar os adversários; da genialidade questionável de Thomas Edison, um especialista  em jogar para a plateia; dos mistérios que cercavam Mata Hari e a transformaram numa mulher sedutora; e de charlatão italiano que consegui enganar Al Capone em plena Chicago, saindo ileso e com o dinheiro do mafioso.

  Se uma das principais estratégia é a habilidade de ocultar as intenções este blog serve para desmascarar ações, pensamentos e conversas aparentemente inocentes e descompromissadas, mas que fazem parte de um jogo de poder maior. Conhecê-las é a melhor maneira de ditar as regras, em vez de ser um mero peão na mão dos outros. Ou como disse Maquiavel, "o homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado á ruína entre inúmeros outros que não são bons".


Temas que iremos abordar

Como Galileu Galilei conseguiu sair da mendicância para se tornar astrônomo da corte?
O que levou Luis XIV a ser o temido "Rei do sol"?
Como Talleyrand manipulou o poderoso  Napo-Leão?
De que forma Mao-Tsé Tung conseguiu tomar o poder com um exército maltrapilho?
Por que Abraham Lincoln elogiava os sulistas em plena guerra da sucessão?
Qual o segredo dos métodos de sedução de Casanova?
 E entre outros.


Lei Nº 2 NÃO CONFIE DEMAIS NOS AMIGOS. APRENDA A USAR OS INIMIGOS

LEI 2 NÃO CONFIE DEMAIS NOS AMIGOS. APRENDA A USAR OS INIMIGOS
 Cautela com os amigos - eles o trairão mais rapidamente, pois são com mais facilidade levados à inveja. Eles também se tornam mimandos e tirânicos. Mas contrate um ex-inimigo e ele lhe será mais fiel do que um amigo, porque tem mais a provar. De fato, você tem mais o que temer por parte dos amigos do que dos inimigos. Se você não tem inimigos, descubra um jeito de tê-los. Ninguém acredita que um amigo possa trair. Amigos são como os dentes e a mandíbula de um animal perigoso, se você não toma cuidado eles acabam mastigando você. É natural querer empregar os amigos quando você mesmo está passando por dificuldades. O mundo é árido e os amigos o suaviza. Além do mais você os conhece. Por que depender de um estranho quando se tem um amigo à mão? O problema é que nem sempre se conhece os amigos tão bem quando se imagina. Eles costumam concordar para evitar discussões, disfarçam suas qualidades desagradáveis para não se ofenderem mutuamente. Acham graça demais nas piadas uns dos outros. Visto que a honestidade raramente reforça a amizade. Você talvez jamais saiba o que um amigo realmente sente. Eles dirão que gostam de poesia, adoram a música, injevam o seu bom gosto para se vestir – talvez estejam sendo sinceros, com freqüência não estão. Quando você decide contratar um amigo, aos poucos vai descobrindo as qualidades que ele, ou ela, estava escondendo. Curiosamente, é o seu ato de bondade que desequilibra tudo. As pessoas querem sentir que merecem a sorte que estão tendo. O recibo por um favor pode ser opressivo: significa que você foi escolhido porque é um amigo, não necessariamente porque merece. Existe quase um ato de condenscendência no ato de contratar os amigos que no íntimo os aflige. O dano vai surgindo lentamente: um pouco mais de honestidade, lampejos de inveja e ressentimento aqui e ali e, antes que você perceba, a amizade se foi. Quanto mais favores e presentes você distribuir para reavivar a amizade, menos gratidão receberá em troco. A ingratidão tem uma longa e profunda história. Ela tem demonstrado seus poderes há tantos séculos que é realmente interessante que as pessoas continuem subestimando-os. Melhor prestar atenção. Se você nunca espera gratidão de um amigo, vai ter uma agradável surpresa quando eles se mostrarem agradecidos. O problema de usar ou contratar amigos é que isso inevitavelmente limitará o seu poder. É raro o amigo ser a pessoa mais capaz de ajudar você; e, afinal, capacidade e competência são muito mais importantes do que sentimentos de amizade. Todas as situações de trabalho exigem uma certa distância entre as pessoas. Você está tentando trabalhar, não fazer amigos; a amizade (real ou falsa) só obscurece esse fato. A chave do poder, portanto, é a capacidade de julgar quem é o mais capaz de favorecer os seus interesses em todas as situações. Guarde os amigos para a amizade, mas para o trabalho prefira os capazes e competentes. Seus inimigos, por outro lado, são uma mina de ouro escondida que você deve aprender a explorar. Como disse Lincoln, você destrói um inimigo quando faz dele um amigo. Sem inimigos a nossa volta, ficaríamos preguiçosos. Um inimigo nos calcanhares aguça a nossa percepção, nos mantém concentrados e alertas. Às vezes, então, é melhor usar os inimigos como inimigos mesmo, em vez de transformá-los em amigos ou aliados. Um inimigo nitidamente definido é um argumento muito mais forte a seu favor do que todas as palavras que você conseguir usar. Jamais deixe que a presença de inimigos o perturbe ou aflija - você está muito melhor com um ou dois adversários declarados do que quando não sabe quem é o seu verdadeiro inimigo. O homem de poder aceita o conflito, usando o inimigo para melhorar a sua reputação como um lutador seguro, em quem se pode confiar em épocas incertas.

 O INVERSO

 Embora em geral seja melhor não misturar trabalho com amizade, há momentos em que um amigo pode ser mais eficaz do que um inimigo. Um homem de poder, por exemplo, freqüentemente precisa fazer um trabalho sujo, mas, para salvar as aparências, é melhor deixar que outros façam isso por ele: os amigos são os melhores, visto estarem dispostos a se arriscar pelo afeto que sentem por ele. Além disso, se os seus planos gorarem por algum motivo, o amigo é um bode expiatório muito conveniente. Esta “queda do favorito” era um truque usado com freqüência por reis e soberanos: eles deixavam que o seu melhor amigo na corte assumisse a responsabilidade por um erro, visto que o público não acreditaria que eles deliberadamente sacrificassem um amigo com esse propósito. E claro que, depois de fazer essa jogada, você perdeu o seu amigo para sempre. E melhor, portanto, reservar o papel de bode expiatório para alguém chegado a você, mas não muito. Finalmente, o problema de trabalhar com amigos é que isso confunde os limites e as distâncias que o trabalho exige. Mas, se ambos os parceiros no arranjo compreendem os perigos envolvidos, um amigo pode ser muito eficaz. Você não deve jamais baixar a guarda nessa aventura, entretanto, fique sempre atento a qualquer sinal de perturbação emocional, tal como inveja e ingratidão. Nada é estável no reino do poder, e mesmo os amigos mais chegados podem se transformar nos piores inimigos. “Os homens apressam-se mais a retribuir um dano do que um benefício, porque a gratidão é um peso e a vingança um prazer.” Tácito “Muita gente pensa que um príncipe sábio deveria, tendo oportunidade, incentivar astuciosamente uma inimizade uma inimizade, de forma que, ao elimina-la, ele possa aumentar a sua grandeza. Os príncipes especialmente os novos, encontraram mais fé e utilidade naqueles homens a quem, no início do seu poder, viam com suspeita, do que naqueles em quem começaram confiando.” Nicolau Maquiavel “Saiba tirar vantagem dos inimigos.
  Você precisa aprender que não é pela lâmina que se segura a espada, mas pelo punho, para poder se defender. O sábio lucra mais com seus inimigos do que o tolo com seus amigos.” 
 Baltasar Gracián

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

NÃO OFUSQUE O BRILHO DO MESTRE LEI Nº 1 do jogo do poder

NÃO OFUSQUE O BRILHO DO MESTRE


Julgamento
Faça sempre com que as pessoas acima de você se sintam confortavelmente superiores. Querendo agradar ou impressionar, não exagere exibindo seus próprios talentos ou poderá conseguir o contrário - inspirar medo e insegurança. Faça com que seus mestres pareçam mais brilhantes do que são na realidade e você alcançara o ápice do poder.


A LEI TRANSGREDIDA

Nicolas Fouquet, ministro das finanças de Luís XIV nos primeiros anos do seu reinado, era um homem generoso que gostava de festas pródigas, mulheres bonitas e poesia. Gostava também de dinheiro, visto o seu estilo de vida extravagante. Fouquet era inteligente e indispensável para o rei, portanto, quando o primeiro-ministro, Jules Mazarin, morreu em 1661, o ministro das finanças esperava ser nomeado seu sucessor. Mais o rei decidiu abolir esse posto. Este e outros sinais levaram Fouquet a desconfiar de que estava perdendo prestígio, e ele então decidiu agradar ao rei organizando a festa mais espetacular jamais vista no mundo. Aparentemente, a festa era para comemorar o término da construção do castelo de Fouquet, Vaux-le Vicomente, mas a sua verdadeira função era prestar uma homenagem ao rei, convidado de honra.
   A nobreza mais ilustre da Europa e alguns dos grandes intelectuais da época- La Fontaine, La Rochefoucauld, Madame de Sévigné - estavam presentes. Moliére escreveu uma peça para a ocasião, na qual ele mesmo deveria representar no encerramento da noite. A festa começou com um farto jantar com sete pratos, alguns vindos do Oriente e jamais provados na França, assim como outros criados especialmente para aquela noite. A refeição foi acompanhada de música encomendada por Fouquet para homenagear o rei.
  Depois do jantar, havia um passeio pelos jardins do castelo. O s pátios e fontes de Vaux-le Vicomte seriam a inspiração para Versalhes.
  Fouquet acompanhou pessoalmente o jovem rei pelos canteiros de flores e arbustos alinhados geometricamente. Chegando aos canais dos jardins, eles assistiram  a um espetáculo de fogos de artifício, seguindo da representação da peça de Moliére. A festa entrou pela noite adentro e todos concordaram que nunca tinham visto nada mais espantoso.
   No dia seguinte, Fouquet foi preso pelo chefe dos mosqueteiros do rei, D' Artaganan. Três meses depois foi a julgamento sob a acusação de ter roubado o tesouro do país.(Na verdade, a maior parte do roubo de estava sendo acusado ele havia cometido em benefício do rei e com a sua permissão.) Fouquet foi considerado culpado e enviado para prisão mais isolada da França, no alto dos Pirineus, onde passou os últimos vinte anos da sua vida na solitária.

INTERPRETAÇÃO
Luís XIV, o rei do sol, era um homem orgulhoso e arrogante que desejava ser o centro das atenções sempre; não suportava ser superado em prodigalidade por ninguém, e certamente não por seu ministro das finanças. Para o lugar de Fouquet, Luís escolheu Jean-Baptiste Colbert, um homem famoso por sua parcimônia e por e promover as festas mais insípidas de Paris. Colbert garantiu que todo dinheiro liberado do tesouro fosse parar direto nas mãos de Luís. Com o dinheiro, construiu um palácio ainda mais magnífico do que o de Fouquet - o glorioso palácio de Versalhes. Ele usou os mesmos arquitetos, decoradores e paisagistas. E em Versalhes, Luís deu festas ainda mais extravagantes do que aquela que custou a Fouquet a sua liberdade.
   Vamos examinar a situação. Na noite da festa, quando Fouquet ia apresentando a Luís um espetáculo após outra, cada um mais imponente do que o anterior, ele imaginava estar demostrando a sua lealdade e devoção ao rei. Não só ele achava que a festa o faria cair de novo nas graças do rei, como pensava que ela mostraria o seu bom gosto, as suas relações e popularidade, tornando-o uma figura indispensável ao rei e provando que ele seria um excelente primeiro-ministro. Mas, cada novo espetáculo, cada sorriso de apreços dos convidados dirigido a Fouquet, fazia Luís achar que seus próprios amigos e súditos estavam mais encantado com o ministro das finanças do que com o próprio rei, e que Fouquet estava na verdade ostentando a sua riqueza e poder. Em vez de lisonjear Luís XIV, a sofisticada festa de Fouquet ofendeu a vaidade do rei. Luís não reconheceria isso diante de ninguém, é claro - pelo contrário, ele encontrou uma desculpa conveniente para se livrar do homem que, inadvertidamente, o fizera se sentir inseguro.
   É  este o destino, de uma forma ou de outra, de todos aqueles que desestabilizam a noção de identidade do mestre, cutucam a sua vaidade, ou o fazem desconfiar da própria superioridade.

No início da noite, Fouquet estava no topo do mundo.
Quando ela terminou, ele estava no chão
Voltire, 1694-1778

A LEI DA OBSERVADA
No início do século XVII, o matemático e astrônomo italiano Galileu se viu numa situação precária. Ele dependia da generosidade dos grandes governantes para apoiar a sua pesquisa e, portanto, como todos os cientistas do Renascimento, ás vezes presentava com suas invenções e descobertas os principais patronos da época. Certa ocasião, por exemplo, ele ofereceu uma bússola militar que havia inventado ao duque de Gonzaga. Depois dedicou um livro explicando o uso da bússola aos Medici. Ambos os governantes ficaram gratos, e por intermédio dele Galileu conseguiu arranjar mais alunos. Mas não importava o tamanho da descoberta, seus patronos costumavam lhe pagar com presentes, não com dinheiro. Isto resultava numa vida de constante insegurança e dependência. Devia haver um jeito mais fácil, ele pensou.
   Galileu achou uma nova estratégia em 1610, quando descobriu as luas de Júpiter. Em vez de dividir a descoberta entre seus patronos como havia feito no passado - dando a um o telescópio que havia usado, dedicando a outro livro, e assim por diante -, ele decidiu se concentrar exclusivamente nos Medici. Ele os escolheu por um motivo: pouco depois de estabelecer a dinastia dos Medici, em 1540, Cosimo I tinha escolhido Júpiter, o mais poderoso dos deuses, como seu símbolo de poder que ia além da política e dos bancos, um símbolo que estava associado á Roma Antiga e ás divindades.
   Galileu transformou a sua descoberta das luas de Júpiter num acontecimento cósmico homenageando a grandiosidade dos Medici. Logo após a descoberta, ele anunciou que "as estrelas brilhantes (as luas de Júpiter) se apresentaram no céus" ao seu telescópio ao mesmo tempo em que Cosimo II era entronizado. Ele disse que o número de luas - quatro - se harmonizavam com o número dos Medici (Cosimo II tinha três irmão) e que as luas giravam em torno de Júpiter como estes quatros filhos giravam em torno de Cosimo I, fundador  da dinastia. Mais do que uma coincidência, isto mostrava que os próprios céus refletiam a ascendência da família Medici. Depois de dedicar a descoberta aos Medici, Galileu encomendou um emblema representando Júpiter numa nuvem com as quatro estrelas girando em torno dele, e o presenteou a Cosimo II como símbolo do seu vínculo com as estrelas.
   Em 1610, Cosimo II nomeou Galileu filósofo e matemático oficial da corte, com um ótimo salário. Para um cientista este era o golpe da sua vida. Os dias mendicância por um patrocínio tinham chegado ao fim.


INTERPRETAÇÃO 
De uma só tacada, Galileu ganhou mais com sua nova estratégia do que com todos os anos de mendicância. A razão é simples: todos os mestres querem brilhar mais do que os outros.
   Eles não estão preocupados com a ciência ou a verdade empírica, ou a mais recente invenção;
estão interessados é no seu próprio nome e na sua própria glória: Galileu deu aos Medici infinitamente mais glória associando o nome deles a forças cósmicas do que fazendo-os patronos de alguma nova engenhoca ou descoberta científica.
   Os cientistas não estão livres dos caprichos da vida na corte e da proteção de um patrono. Eles também precisam servir a senhores que controlam os cordões da bolsa. E os grandes poderes intelectuais podem fazer o senhor se sentir inseguros, como se estivesse ali apenas para suprir fundos - uma tarefa  feia, ignóbil. O produtor de uma grande obra quer sentir que é mais do que apenas o financiador. Ele quer parecer criativo e poderoso, e também mais importante do que a obra produzida em seu nome. Em vez de insegurança, você deve lhe dar gloria. Galileu não desafiou a autoridade intelectual dos Medici com a sua descoberta, ou os fez se sentirem inferiores de alguma forma; ao associá-los com as estrelas ele os fez resplandecer fulgurantes entre as cortes italianas. Ele não ofuscou o brilho do seu senhor, ele o fez brilhar mais do que todos.

AS CHAVES DO PODER 
Todos tem as suas inseguranças. Quando você se expõe ao mundo e mostra os seus talentos, é natural que isso desperte todos os tipos de ressentimentos, invejas e outras manifestações de insegurança. É de se esperar que isto aconteça. Você não pode passar a vida se preocupando com os sentimentos mesquinhos dos outro. Mais, com quem está acima de você, é preciso adotar outras abordagem: quando se trata de poder, brilhar mais do que o mestre talvez seja o maior erro.
   Não se iluda pensando que a vida mudou muito desde a época de Luís XIV e dos Medici. Quem conquista um auto status na vida é como os reis e as rainhas: quer se sentir seguro da sua posição e superior aos que o cercam em inteligência, perspicácia e charme. É uma falha de percepção mortal, porém comum, acreditar que exibindo e alardeando os seu dons e talentos você está conquistando o afeto do senhor. Ele pode fingir a preço, mais na primeira oportunidade vai substituir você por alguém menos brilhante, menos atraente, menos ameaçador, assim com Luís XIV, ele não admitirá a verdade, mas arranjará uma desculpa para se livrar da sua presença.
   Esta lei implica duas regras que você precisa entender. Primeiro, é possível inadvertidamente brilhar mais do que o senhor sendo simplesmente você mesmo. Existem senhores que são mais inseguros que outros, monstruosamente inseguros; você pode naturalmente brilhar mais do que eles com charme e sua graça.
   Ninguém possuía mais talentos naturais do que Astorre Manfredi, príncipe de Faeza. O mais belo de todos os jovens príncipes da Itália, ele cativava seu súditos com sua generosidade e espírito liberal.
   Em 1500, César Bórgia sitiou Faenza. Quando a cidade se rendeu os cidadãos esperam o pior do cruel Bórgia, que, entretanto, resolveu poupála: ele simplesmente ocupou a sua fortaleza, não executou nenhum dos seus cidadãos e permitiu que o príncipe Manfredi, com dezoito anos na época, permanecesse com a sua corte em total liberdade.
   Mais, poucas semanas depois, os soldados arrastaram Astorre Manfredi para uma prisão romana. Passou-se um ano e o seu corpo foi pescado no rio Tibre, com uma pedra amarrada no pescoço. Bórgia justificou o ato terrível com uma historia inventada de traição e conspiração, mas o verdadeiro problema foi que ele era notoriamente fútil e inseguro. O jovem brilhava mais do que ele sem fazer nenhum esforço. Devido aos talentos naturais de Manfredi, a sua simples presença fazia Bórgia parecer menos atraente e carismático. A lição é simples: se não for possível evitar ser charmoso superior, você de aprender a evitar esses monstros de vaidade. É isso, ou descobrir um jeito de apagar as suas boas qualidades quando estiver na companhia de um César Bórgia
   Segundo, não imagine que pode fazer tudo que quiser porque o senhor gosta de você.Livros inteiros poderiam ser escritos sobre favoritos que caíram em desgraça por considerar garantido o seu status, por ousar brilhar. No Japão do final do século XVI, o favorito do imperador Hideyoshi era um homem chamado Sem no Rikyu. Principal artista da cerimônia do chá, que tinha se tornado uma obsessão da nobreza, ele era um dos conselheiros de maior confiança de Hideyoshi, tinha o seu próprio apartamento no palácio e era homenageado por todo o japão. Mais em 1591, Hideyoshi mandou prendê-lo e condenou-o á morte. Rikyu preferiu se suicidar. A causa desta repentina mudança de sorte foi descoberta mais tarde: parece que Rikyu, antes um camponês e depois favorito da corte, tinha mandado esculpir uma estátua de madeira retratando-o de sandálias (sinal de nobreza) e com uma pose arrogante. Ele tinha mandado colocar a estátua no templo mais importante dentro dos muros do palácio, bem a´vista da realeza que costumava passar por ali. Para Hideyoshi, isto significava que Rikyu não tinha senso de limite.Presumindo ter os mesmos direitos da nobreza, ele se esqueceu de que a sua posição dependia do imperador, e chegou a acreditar que a havia conquistado por si próprio. Este foi um erro de cálculo imperdoável, e ele pagou com a vida. Lembre-se do seguinte: não considere garantida a sua posição e jamais deixe que um favor recebido lhe suba a cabeça.
   Sabendo dos perigos de brilhar mais do que o seu senhor, você pode tirar vantagem desta lei. Primeiro, você precisa elogiar e cortejar o seu senhor. A bajulação explicita pode ser eficaz, mais tem seus limites; é por demais direta e óbvia, e causa má impressão nos outros cortesão. Cortejar discretamente é muito mais eficaz. Se você é mais inteligente do que o seu senhor, por exemplo, aparente o oposto: deixe que ele pareça mais inteligente do que você. Mostre ingenuidade. Faça aparece que você precisa da habilidade dele. Come erros inofensivos que não afetarão você a longo prazo, Mas lhe darão chance de pedir a sua ajuda. Os senhores adoram essas solicitações. O mestre que não conseguir presenteá-lo com a experiência pode deixar cair sobre você a sua ira e a sua má vontade.
   Se as suas ideias são mais criativas do que as do seu mestre, atribua-as a ele, da maneira mais pública possível. Deixe claro que o seu conselho está simplesmente repetindo um conselho dele.
   Se você for mais esperto do que o seu mestre, tudo bem representar o papel do bobo da corte, mas não o faça parecer frio e mal-humorado em comparação. Apague um pouco o seu senso de humor, se necessário, e descubra como fazer parecer que é ele que está divertindo e alegrando os outros. Se você for naturalmente mais sociável e generoso do que seu senhor, atenção para não ser a nuvem que vai toldar o seu brilho aos olhos dos outros. Ele deve parecer como o sol em torno do qual todos giram, irradiando poder e brilho, o centro das atenções. Se você for responsável por distraí-lo, a exibição dos seus meios limitados conquistará a simpatia dele. Qualquer tentativa de impressioná-lo com graça e generosidade pode ser fatal; aprenda com Fouquet ou arque com as consequências.
   Em todos estes casos, não é fraqueza disfarçar a sua força se, no final, eles o levarem ao poder. Deixando que os outros empanem o seu brilho, você permanece no controle da situação, em vez de ser vítima da insegurança deles. Isto será muito útil no dia que você decidir elevar o seu status inferior. Se, como Galileu, você conseguir que o seu senhor brilhe ainda mais aos olhos dos outros, então enviado dos deuses e será imediatamente promovido.

Imagem: 
As estrelas no céu. Só pode haver um sol de cada vez. Não ofusque a luz do sol, ou rivalize com seu brilho; pelo contrário, vá desaparecendo no céu e descubra como torna mais intensa a luz do mestre.

Autoridade: evite brilhar mais do que senhor. Toda superioridade de um súdito com relação ao seu príncipe não só é estúpida como fatal. Esta é uma lição que as estrelas do céu nos ensinam-elas podem ser aparentada com o sol, e tão brilhantes quanto ele, mas nunca aparecem em sua companhia . Palavras de (Baltasar Gracián, 1601-1658)


O INVERSO   
Você não pode ficar se preocupando em não aborrecer todos a pessoas que cruzam o seu caminho, mas deve ser seletivamente cruel. Se o seu superior é uma estrela cadente, não perigo nenhum em brilhar mais do que ele. Não tenha misericórdia- seu senhor não teve escrúpulos na sua própria ascensão a sangue frio até o topo. Calcule a força dele. Se for fraco, apresse discretamente a sua queda: supere-o, seja mais encantador, mais inteligente do que ele nos momentos-chave. Se ele for muito fraco e estiver preste a cair, deixa a natureza seguir o seu curso. Não arrisque brilhar mais do que um superior frágil- pode parecer crueldade ou despeito. Mas se o seu senhor está firme na sua posição, e você sabe que é mais capaz do que ele, tenha paciência espere o momento mais propício. O curso natural das coisas e o poder acabar enfraquecendo. O seu senhor cairá um dia e, se jogar direito, você vai sobreviver e, um dia, brilhar mais do que ele.




Titulo da próxima postagem do jogo do poder

Não confie demais nos amigos, aprenda a usar os inimigos.

Cautela com os amigos- eles o trairão mais rapidamente, pois são com mais facilidade levados a inveja. Eles também se tornam mimados e tirânicos. Mais contrate um ex-inimigo e ele lhe será mais fiel do que um amigo, porque tem mais a provar. De fato, você tem mais o que temer por parte dos amigos do que os inimigos. Se você não tem inimigos, descubra um jeito de tê-los.